Desvio de função: entenda os riscos para o empregador

O desvio de função pode custar caro para o empregador: ações trabalhistas, danos à imagem e perda de talentos. Saiba como evitar riscos e proteger sua empresa.

Introdução:

No mundo corporativo, a otimização de recursos é crucial para a saúde financeira de qualquer empresa. No entanto, a busca por eficiência não deve se sobrepor à segurança e à legalidade das práticas trabalhistas. O desvio de função, prática comum em diversos ambientes, pode gerar consequências sérias para o empregador, colocando em risco a imagem da empresa e abrindo portas para ações trabalhistas. Neste artigo, profundaremos os impactos do desvio de função, analisando seus aspectos legais e os riscos que ele representa para o empregador.

O que é desvio de função?

O desvio de função ocorre quando um colaborador é obrigado a desempenhar atividades que não constam em sua descrição de cargo, sem que haja a devida alteração contratual. Em outras palavras, o empregado é designado para realizar tarefas que fogem do escopo de suas funções originais, sem o consentimento formal e a devida remuneração compatível com a nova função.

Imagine um profissional contratado como auxiliar administrativo, que, de repente, se vê realizando tarefas complexas de gestão financeira. Essa mudança drástica em suas responsabilidades, sem o devido ajuste contratual, configura um desvio de função.

Aspectos Legais:

A legislação trabalhista brasileira (CLT – Consolidação das Leis do Trabalho) protege o trabalhador contra o desvio de função. A CLT prevê que o empregado deve exercer as funções para as quais foi contratado, e qualquer alteração nesse sentido deve ser formalizada por meio de um novo contrato de trabalho ou aditamento ao contrato original.

Tabela 1: O que caracteriza o desvio de função?

| Critério | Descrição |
|—|—|
| Natureza das Atividades | O empregado realiza tarefas que não constam em sua descrição de cargo. |
| Duração das Atividades | A realização de atividades fora do escopo do cargo é frequente e prolongada. |
| Remuneração | O salário do empregado não corresponde à complexidade das novas funções. |
| Contrato de Trabalho | A mudança de funções não foi formalizada por meio de um novo contrato ou aditamento. |

Consequências para o Empregador:

O desvio de função, além de ser uma prática ilegal, pode trazer diversas consequências negativas para o empregador, impactando diretamente a sua saúde financeira e a imagem da empresa.

Danos à imagem da empresa

A prática do desvio de função pode manchar a reputação da empresa, afetando a percepção dos colaboradores, clientes e do mercado em geral.

Um ambiente de trabalho onde o desvio de função é comum é percebido como desorganizado, desrespeitoso com os profissionais e que prioriza a exploração da mão de obra em detrimento do bem-estar dos funcionários.

Empresas que se veem envolvidas em processos trabalhistas por conta de desvios de função, correm o risco de ter sua imagem pública prejudicada. A reputação de uma empresa é um bem precioso, e qualquer mancha pode ser difícil de ser removida.

Tabela 2: Impacto do Desvio de Função na Imagem da Empresa

| Consequência | Descrição |
|—|—|
| Perda de Talentos | Colaboradores qualificados podem se sentir desvalorizados e procurar novas oportunidades em empresas que valorizem suas habilidades. |
| Baixa Moral da Equipe | A sensação de injustiça e desrespeito pode gerar um clima de desmotivação e baixa produtividade. |
| Dificuldade de Contratação | Profissionais podem se recusar a trabalhar em empresas com histórico de desvio de função, prejudicando o processo de recrutamento. |

Riscos de ações trabalhistas

A prática do desvio de função expõe o empregador a um alto risco de ações trabalhistas. O empregado, sentindo-se prejudicado, pode recorrer à justiça para reivindicar seus direitos, incluindo o pagamento de salários atrasados, horas extras, adicional de periculosidade ou insalubridade, além de indenizações por danos morais e materiais.

É importante ressaltar que, em casos de desvio de função, o empregado pode solicitar a rescisão do contrato de trabalho com justa causa, recebendo todos os direitos trabalhistas, como aviso prévio indenizado, férias proporcionais, 13º salário proporcional e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Tabela 3: Ações Trabalhistas Comuns em Casos de Desvio de Função

| Tipo de Ação | Descrição |
|—|—|
| Ação Trabalhista Ordinária | Reivindicação de salários, horas extras, adicionais, etc. |
| Ação de Cumprimento de Sentença | Execução de uma decisão judicial para que o empregador pague valores devidos ao empregado. |
| Ação de Reconhecimento de Direito | Reconhecimento judicial da existência de uma relação de trabalho, mesmo que não formalizada por contrato. |

Custos financeiros

O desvio de função gera custos financeiros elevados para o empregador. Além das ações trabalhistas, as empresas podem ter que arcar com indenizações por danos morais e materiais, além de multas por descumprimento da legislação trabalhista.

A imagem negativa da empresa, decorrente do desvio de função, pode também levar à perda de clientes, prejudicando o faturamento e a lucratividade.

Tabela 4: Custos Financeiros do Desvio de Função

| Tipo de Custo | Descrição |
|—|—|
| Custos Trabalhistas | Pagamento de salários, horas extras, adicionais e outros direitos trabalhistas. |
| Custos Jurídicos | Honorários advocatícios, custas judiciais e multas por descumprimento da legislação. |
| Custos de Imagem | Perda de clientes, redução do faturamento e prejuízo à reputação da empresa. |

As melhores práticas para evitar o desvio de função

A prevenção é o melhor caminho para evitar problemas com desvio de função. A organização deve ter uma política clara e transparente sobre a gestão de cargos e funções, garantindo que todos os colaboradores compreendam os seus direitos e deveres.

Diretrizes Essenciais:

  • Descrição Detalhada de Cargos: Elaborar descrições de cargos claras e completas, definindo as responsabilidades, atividades e requisitos de cada função.
  • Contratação Adequada: Contratar profissionais com as qualificações e habilidades necessárias para desempenhar as funções descritas no cargo.
  • Comunicação Transparente: Manter uma comunicação aberta e transparente com os colaboradores, explicando as mudanças e justificando as novas atribuições.
  • Formalização de Mudanças: Formalizar qualquer alteração de funções por meio de um novo contrato ou aditamento ao contrato original, incluindo a descrição das novas responsabilidades e a remuneração compatível.
  • Treinamento e Desenvolvimento: Investir em programas de treinamento e desenvolvimento para capacitar os colaboradores para as novas funções, caso necessário.
  • Avaliação de Desempenho: Implementar um sistema de avaliação de desempenho que acompanhe o desempenho dos colaboradores nas novas funções, garantindo a adequação e o cumprimento das expectativas.

Conclusão:

O desvio de função, além de ser uma prática ilegal, é prejudicial para a saúde financeira da empresa, impactando sua imagem, gerando riscos de ações trabalhistas e aumentando os custos operacionais.

A prevenção é o melhor caminho para evitar problemas com desvio de função. Adotar as melhores práticas para gestão de cargos e funções, como a descrição detalhada de cargos, a comunicação transparente com os colaboradores e a formalização de mudanças, garante o cumprimento da legislação trabalhista, protege a empresa de ações judiciais e contribui para a criação de um ambiente de trabalho mais harmonioso e produtivo.

5 perguntas frequentes sobre desvio de função:

1. Meu funcionário está reclamando que está realizando tarefas fora da sua descrição de cargo. É possível que ele esteja sofrendo desvio de função?

  • Resposta: Sim, é possível. O desvio de função ocorre quando um colaborador é obrigado a desempenhar atividades que não constam em sua descrição de cargo, sem a devida alteração contratual. É importante analisar se as tarefas que ele está realizando são realmente fora do escopo da sua função e se houve uma mudança significativa em suas responsabilidades.

2. Como posso evitar problemas com desvio de função?

  • Resposta: A prevenção é fundamental. É preciso ter uma política clara e transparente sobre a gestão de cargos e funções, garantindo que todos os colaboradores compreendam seus direitos e deveres. Uma descrição detalhada de cargos, formalização de mudanças contratuais e comunicação aberta e honesta são essenciais.

3. Meu funcionário está reclamando que não recebe a remuneração adequada para as novas funções que está realizando. Isso configura desvio de função?

  • Resposta: Sim, o salário inadequado para a complexidade das novas funções pode ser um indicativo de desvio de função. A remuneração deve ser compatível com as responsabilidades e atividades desempenhadas. Se houver mudança de funções, o salário precisa ser reavaliado e ajustado.

4. Quais as consequências de uma ação trabalhista por desvio de função?

  • Resposta: As consequências são sérias. O empregador pode ter que arcar com pagamentos de salários atrasados, horas extras, adicionais, indenizações por danos morais e materiais, além de multas por descumprimento da legislação trabalhista. A imagem da empresa também pode ser prejudicada, impactando a reputação e a atração de talentos.

5. Se meu funcionário está realizando atividades fora do seu cargo, mas gosta das novas funções e não se queixa, posso considerar que não há problema?

  • Resposta: Não. A concordância do funcionário não anula o desvio de função. É importante lembrar que o desvio de função é uma prática ilegal, mesmo que o funcionário não se oponha. O empregador tem a obrigação de formalizar qualquer mudança de função por meio de um novo contrato ou aditamento, garantindo a devida remuneração e condições de trabalho.
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